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Computador da Apollo 11 |
O salto que a
humanidade deu há exatos 43 anos ocorreu no tempo previsto pela Nasa. Mas o
pequeno passo para o homem, não. Eram 23h56 de 20 de julho de 1969 quando Neil
Armstrong empreendeu o derradeiro movimento que o levou do último degrau da
escada do módulo para a superfície da Lua. A transmissão das imagens do
astronauta saltitando pelo satélite natural não representou apenas a soberania
espacial dos Estados Unidos, a concretização da profecia de John F. Kennedy
proferida oito anos antes e todos os avanços científicos resultantes do
programa Apollo. Os registros daqueles momentos mostraram a todos quão longe o
ser humano poderia chegar com computadores inferiores ao celular que você tem
no bolso hoje. Armstrong e Buzz Aldrin sabiam disso. E não puderam nem pensar
em cumprir a programação, de tão extasiados que estavam por terem pousado em
segurança. Em vez de dormirem após a aterrissagem e deixarem a nave apenas às
3h16 do dia 21, eles resolveram iniciar logo a próxima fase da missão.
Assassinado em 1963, o presidente
americano John F. Kennedy não pode acompanhar a conquista da Lua. Mas todos
sabiam que o impulso inicial daquela viagem partiu dele. Em plena Guerra Fria,
os Estados Unidos estavam perdendo em importante batalha para a União
Soviética: a corrida espacial. Em 1957, os soviéticos chocaram o resto do mundo
ao mandar ao espaço o primeiro satélite artificial, Sputnik 1, e a cadelinha
Laika. No dia 12 de abril de 1961, mais um revés para os americanos: o
cosmonauta russo Yuri Gagarin se tornou o primeiro homem a orbitar a Terra. Por
isso, quando Kennedy anunciou o objetivo de enviar uma missão tripulada à Lua
até o fim da década de 1960, poucos acreditaram que o intento se confirmaria -
e que os soviéticos não chegariam lá antes.
"A chegada do homem à Lua
representou um esforço científico e tecnológico que, na época, ninguém
imaginava possível", relata José Monserrat Filho, chefe de Cooperação
Internacional da Agência Espacial Brasileira (AEB) e professor de Direito
Espacial.
Em uma mensagem especial ao congresso
americano no dia 25 de maio de 1961, Kennedy expôs a relação entre os avanços
soviéticos e o novo objetivo de seu país. "Se nós queremos vencer a
batalha que está acontecendo ao redor do mundo entre a liberdade e a tirania,
as dramáticas conquistas no espaço nas últimas semanas devem deixar claro para
todos nós, assim como o fez Sputnik em 1957, o impacto dessa aventura nas
mentes de homens de todos os lugares que estão decidindo que caminho eles devem
seguir", alertou o presidente.
"Eu acredito que esta nação deva
se comprometer em atingir o objetivo, antes que esta década termine, de pousar
um homem na Lua e trazê-lo de volta a salvo para a Terra. Nenhum projeto
espacial será mais impressionante para a humanidade ou mais importante para a
exploração do espaço a longo termo; e nenhum será tão difícil e caro para
realizar. Não será apenas um homem indo para a Lua - se isto se confirmar, será
uma nação inteira. Porque todos nós precisamos trabalhar para colocar ele
lá".
Oito anos depois do discurso,
Armstrong fincou a bandeira americana na superfície lunar, em uma missão
chamada Apollo 11. Esse desfecho só foi possível devido à disputa com os
russos, que incrementou o investimento e o empenho dos EUA para alcançar tal
feito. "O objetivo principal não era estudar a Lua, e sim mostrar seu
poderio tecnológico e político e provar para a União Soviética a sua liderança
na corrida espacial", explica Monserrat.